sexta-feira, 30 de julho de 2010

Um retrato de inverno.

Era tarde e o sol ja se ia alto. Madalena caminhou em direção à praia, sentiu como se todo peso do mundo coubesse em seus pés miudos, deixou então que se afundassem na areia.
As pernas dobraram sem muita relutancia e rapidamente se viu com os olhos no horizonte.
Um rio de lágrimas escorriam sobre seu rosto, lágrimas sem definição concreta. Apenas, lágrimas.
Lembrou-se de um tempo em que não viveu, lembrou-se do dia em que resolveu se mudar...
Toda a felicidade do mundo cabia em sua bagagem, sonhos , esperanças, amores, realizações...
Madalena respirou; teve vontade de gritar mas seu grito embargou na garganta...
Sentiu arrepio, medo, solidão.
Se lembrou da primeira vez em que havia visto aqueles olhos castanhos.Eram serenos e amendoados. Madalena fechou os olhos.
Sentiu seu cheiro, seu abraço, e a lembrança dos planos que fizeram juntos.
Sentiu o calor de sua voz dizendo: Eu te amo.
Sentiu o veludo das mãos dele sobre as suas.
Teve vontade de fugir...
Outra vez sentiu um rio lhe correr os olhos em direção ao chão.
Tentou esquecer, tentou aliviar a dor num suspiro.
Mais uma vez a voz lhe embargava. Agora o sol começava a se por.
Madalena levantou lentamente. Puxou delicada a rosa que prendia o cabelo, um passo após o outro em direção ao mar. O caminho marcava um rastro pálido, um ultimo olhar constando o que ficou.Pela ultima vez Madalena sorriu, pela ultima vez Madalena chorou.

2 comentários:

  1. Madalena sabe do encanto que há no mar,
    que há na dor.

    Eu sei do mar,
    só do mar...

    A dor falo outro dia qualquer.

    Beijo.

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  2. Ai Madalena, pudera eu te pegar nos braços do mar...

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